Indulgentes

PL 16:52 |

Na 2:

Pode soar uma tentativa de querer ser diferente, mas basta estar minimamente atento para perceber que a 2: vem sendo o melhor canal da televisão portuguesa, desde que tomou este nome. Programas como 0 2010 na área da ciência; o Pop-Up na área da cultura urbana; o domingo de desporto das "outras" modalidades; os psycho documentários das terças; as magazines, as entrevistas, as séries (!!!!!!) e ainda... os filmes.
Não raras vezes, a 2: transmite um daqueles portentos de filmes que, não se sabe bem porquê, não passam nas televisões generalistas. Seja do melhor cinema português, sejam curtas, seja cinema de autor, a 2: tem categoria. É cada vez mais, aquele canal, que todos nós reclamamos quando nos insurgimos contra os programas pós-Malucos do Riso da TVI ou o "inovador e criativo" Fiel ou Infiel.

Ontem transmitiram- e em horário decente, às 23h- o Fabuloso Destino de Amélie Poulain, de Jean Pierre Jeunet. Mais uma vez, é sempre com deleite a que assisto àquele que eu considero o melhor filme desde o início do século XXI.
Com aquele toque que só o cinema europeu pode dar, o filme tem tudo aquilo que uma grande obra reclama: a começar pela "musa" Audrey Tautou, passado pelo argumentaço de Guillaume Laurant; tem ainda a brilhantíssima direcção fotográfica que dá, ao filme, todo o carisma que encerra em si.
Aparte do filme- ainda que numa íntima simbiose- encontramos aquela razão que me leva de facto a escrever sobre um filme, num espaço musical, como o é, o Indulgentes. Esse motivo é a fabulosa banda-sonora composta pelo músico francês, Yann Tiersen.
Tiersen assina aqui uma das, senão mesmo a mais bela composição musical para filme da última década. Tendo-o revisto já, vezes sem conta, consigo ainda senti-la- a magia- como que pela primeira vez. Como quem quer acreditar que tudo aquilo não foi só um sonho. Que tudo aquilo está tão perto e aqui ao lado. Em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, vemos a fantasia-sem-o-ser sob forma de filme. Filme este que, cinco anos após a estreia, resiste ao teste do tempo para nos mostrar que é um clássico de sempre.