Alexandre 01:01
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Rock, rain' n' roll, pt. 2: quinta-feira. O dia que eu mais aguardava talvez. O palco abriu com WrayGunn, mas eram estes o que o deviam fechar também. Um concerto que vai ficar na memória de todos os que o viram e mesmo do Legendary Paulo Furtado. Para terem uma ideia o excelentíssimo Mr. Paulo Furtado acabou a chapinhar na imensa lama do recinto, no meio de toda a gente. Um espetáculo de grande nível em que o rock americano com nuances godspell dos WrayGunn foi rei.
Depois vei o Mark Lanegan. Ex-membro honorário dos QOTSA, mostrou que um grande concerto não precisa de ser muito espalhafatoso. Em constraste com os anteriores, Mark Lanegan manteve-se sempre com a sua banda à média-luz e bastaram as suas grandes e melodiosas músicas para haver um bom concerto.
The Kills começaram com falhas técnicas mas lá acabaram por conquistar o público com a sua sensualidade, resultante da belíssma e talentosa vocalista. Pena é que não tenham um baterista a sério porque só tinham a ganhar com isso.
Os Black Rebel Motorcycle Club fecharam o palco em grande estilo. Talvez o melhor concerto de todos (mesmo que muitos não concordem esta é a minha opinião). Tocaram com toda a força e raça que se quer de um grupo rock'n'roll como este. Guitarras q.b., vocalistas comunicativos e músicas muito boas fizeram deste um grande concerto com grande aceitação pelos festivaleiros.
Sexta foi a noite urbana. Hip-hop ao máximo. Dealema mostraram mais uma vez que são dos melhores colectivos rap do país. Os 4 MC's em palco dão toda a energia e garra que a música interventiva deve ter, proferindo as letras de qualidade que marcam as suas composições. Quanto a Mike Patton & Rahzel confesso que não vi a grande parte do concerto pois estava preso à roulotte Psicológico (passo a pub.) a ver a minha equipa a vencer a Supertaça. Contudo ouvi algumas coisas mas não achei muito cativante. Experimental.
A Kelis fez-me sair do anfiteatro para ir "arejar". Foi, para mim, o pior concerto (como já disse não sou crítico nem pretendo sê-lo, é só a minha opinião). Não sei porquê mas pareceu-me estar a ver a Tina Turner... Pelo menos foi rápido.
Fazendo o balanço final deste despejo auditivo que foi alvo Lamaçais de Coura penso que foi muito positivo. Um grande cartaz, com nomes importantes da música (mundial) e que por ser tão molhado e lamacento tornou-se mítico. O festival mais encharcado e enlameado da história dos festivais de Verão tugas foi também um hino ao que de melhor se faz por aí (in and outside) no mundo conturbado da música.
(Ainda) Continua... (embora não pareça)
Alexandre 00:24
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terça-feira, agosto 24, 2004
E veio o dilúvio (de rock' n' roll): ao todo foram cinco os dias em que decorreu o festival de Verão mais molhado da história portuguesa. Muitos dizem que teve dos melhores cartazes deste ano e talvez até tenham razão. A palavra chave foi rock. Rock verdadeiro despido de todo o tipo de mesquinhices e preconceitos. A primeira noite de festival, a noite zero, foi a recepção ao campista e contou com a presença dos Magnus que animaram as milhares de pessoas com misturas e remisturas e com a voz do vocalista dos dEUS em grande nalgumas faixas. Los de Abajo tiveram pouca sorte e tocaram apenas vinte minutos antes de o dilúvio ter acabado com o concerto.
Na terça-feira depois das celestiais CocoRosie, vieram os Arrested Development contagiar o público com a sua energia dos primórdios do Hip-hop. Bunnyranch deram espetáculo. Além de porem toda a gente a saltar, fizeram-no com a sua música, o seu rock'n'roll genuníno. Depois de o terem feito no Sudoeste partiram a louça Tempestades de Coura. Blues Explosion veio de seguida e conseguiram manter tudo aos pulos. Com uma grande presença e voz, John Spencer e os dois companheiros deram outro grande concerto de puro rock. E, quando a noite parecia ser dominada pelos gritos e versos duros do rock'n'roll, eis que aparecem as ladies Scissor Sisters. Começava então um espetáculo diferente. Ambíguo e aparvalhado mas com muita qualidade. Falsetos à la Bee Gees, versão de It's raining men, houve espaço para tudo neste espetáculo, até para a chuva incessante que fez Ana Matronic desabafar: "If I were you I'd do two things: I would go to the tend or I'd start to buid the fucking arc!!"
E chegou à quarta-feira e os Mão Morta lá abriram o palco vestidos de bonecas de Braga. Um disfrace estranho que acompanhou toda a actuação do grupo português. Os ressuscitados MC5 (agora DKT/MC5) contaram com a participação de alguns convidados (Evan Dando where were you?) e, embora o público tenha aderido, parece que os abutres da crítica não gostaram lá muito. Por mim foi bem. Muito bem. Quanto aos Mondo Generator fizeram barulho, muito barulho. Tinham música lá no meio e muito público gostou do concerto (principalmente a freak que não parava de gritar atrás de mim). Mas quem lá estava era para Motorhead. O velho das verrugas ainda está com força e, com milhões de amplificadores por detrás do trio, aconteceu um grande espetáculo de metal com espaço até para a versão pesada de God save the queen dos Pistols.
Não percam o próximo capítulo...
Alexandre 23:22
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sábado, agosto 21, 2004
Eu sobrevivi a Paredes de Coura
Alguns de vós poder-se-ão estar a interrogar sobre a razão de tão longo silêncio a que nós, criadores, fundadores e mulheres de limpeza deste blog, vos votámos. Mas nada receiem, pois regressámos de umas merecidas férias e do verdadeiro campo de batalha (contra a Natureza) que foi Paredes de Coura (para quem estiver interessado, batalha essa ganha pelo regimento dos festivaleiros, mas ela deu luta). Eu sobrevivi, posso dizer com uma pontinha de orgulho, e assisti a um festival possuidor de um cartaz sem muitos nomes "sonantes" (ditos, mais mainstream) mas com uma homogeneidade qualitativa a toda a prova. Este ano, nas margens do Rio Tabuão, mais foi melhor.
Regressamos assim, sãos e salvos e inundados de ideias (e não só...) que desejamos partilhar convosco o mais rapido possível. Perdoem-me a minha preguiça em não expressar as minhas opiniões já, mas acontece que o Hotel em que agora me encontro não estimula por aí além a minha veia prosaica (só mesmo a poética, mas isso é outra coisa). Prometo, não obstante, ser célere (e usufruir de umas belas massagens nas Termas de Caldelas). Inté